quarta-feira, 4 de junho de 2008

Àfrica

Ainda não aprendi a encarar África de frente. A respeitá-la por tudo o que encerra em si. A vê-la real, multiforme, muldimensional, linda e horrenda. E a aceitá-la no desconcerto de sentimentos que provoca, que arranca de nós.
Esta menina poderia ser a imagem de África. A esperança minguada num corpo sofrido. Mas faltar-lhe-ia a força, a imensidão e a riqueza que são a essência do continente. Pecaria, ainda, por insistir no erro que conduz, inúmeras vezes, a doses acrescidas de desgraça: ignoraria a crueldade, a ganância, o despotismo e a mesquinhez que também lhe dão vida.
África não é, somente, uma Menina que sofre. É uma mulher que chora e faz sofrer. É um Homem afogado em glórias e tragédias. É tremendamente humana. Ou não fora o princípio de nós trilhado no seu chão.
Eu, na pequenez do meu mundo, declino este equilíbrio. Provincianamente, olho para o mapa e identifico, de imediato, as zonas de incidência de doenças horríveis e de conflito e esqueço, só assim, a grandeza do que também há naqueles lugares. Ando a fugir de África por causa dos mosquitos e dos assassinos. E, confesso, porque me dizem para fugir. Não consigo convencer-me de que, como em todos os lados, África tem de tudo.
Mas parece que nos habituámos a conferir valor de realidade somente aos piores cenários (que já nem nos chocam assim tanto), desacreditando as lindas histórias fazendo-as enredos de ilusão.
África não se reconstruirá sem nós, os pequenos fazedores do dia-a-dia. Sem que voltemos a dizer, com arejado empenho, “para África e em força”. Sem que deixemos de ter medo de pisar solo manchado de sangue ou de alegria. Porque a vida é assim, dá-nos de tudo, no melhor e no pior dos mundos.

quarta-feira, 16 de abril de 2008

filosofia

A vida por fora de nós é um reflexo daquilo que somos por dentro.